É inevitável. Apesar de contar com mérito próprio, o Samsung Galaxy Tab sempre será conhecido como "o primeiro concorrente real ao iPad". O mercado de tablets – gênero até então restrito a alguns nichos profissionais – foi revolucionado pela Apple, atingindo assim o gosto do consumidor, e várias cópias mal feitas surgiram assim que o dispositivo "mágico" de Steve Jobs foi lançado.
Por isso é bastante difícil analisar o equipamento coreano de maneira imparcial. Enquanto os fãs dos produtos de Cupertino irão torcer o nariz, outros – menos fanáticos pela maçã – irão agradecer aos céus pela chegada de um aparelho como o Galaxy Tab. Apesar dessa dificuldade, o Baixaki aproveitou o embalo e testou a fundo o tablet da Samsung.
Mesmo que disputem o mesmo nicho, iPad e Galaxy Tab são aparelhos muito distintos. Design, opções de hardware e outros detalhes oferecem experiências diversas de utilização e ressaltam a diferença entre os dois aparelhos.
Além da tela menor – contando com 7 polegadas – e maior disponibilidade de memória RAM (512 MB contra os 256 MB do iPad), o Galaxy Tab conta com funcionalidade de telefonia, inclusive para videochamadas, em um dispositivo mais leve e compacto que o tablet da Apple. A comparação direta, lado a lado, dos dois aparelhos você confere em breve aqui no Baixaki.
Aprovado O que chamou nossa atenção
Pequeno notável
A primeira característica positiva do Galaxy Tab é o tamanho. A tela de 7" que, até ser conferida de perto, parece pequena é na verdade suficiente para o desempenho das tarefas esperadas de um tablet. Vídeos, navegação na internet e até mesmo o trabalho com documentos não sofrem muito com as dimensões compactas do aparelho.
Fonte da imagem: Samsung/Divulgação
Além disso, a espessura da carcaça não é crítica, já que mesmo na capa plástica (inclusa na caixa) o Galaxy Tab não fica grosso na mão, permitindo a empunhadura confortável do dispositivo mesmo que por longos períodos.
Mas conforto não é apenas o resultado de características físicas e dimensões. A utilização do tablet coreano ganha muitos pontos devido à responsividade da tela, que combina a sensibilidade, comum à tecnologia capacitiva, com a resistência do Gorilla Glass (vidro especial praticamente inquebrável) e cores mais do que satisfatórias.
Versatilidade extrema
A opção da Samsung pelo Android é relativamente óbvia, já que o sistema operacional da Google oferece uma enorme gama de funções, em um pacote bastante completo. A versão 2.2 Froyo do Galaxy Tab – que provavelmente será atualizada para a 2.3 Gingerbread em breve – garante que o usuário possa explorar o equipamento ao máximo.
O Android Market está lá, oferecendo vários aplicativos além daqueles que pretendem mostrar ao mercado que a Samsung não está brincando em serviço e o uso do Galaxy Tab é tão múltiplo quanto a vontade de seus compradores.
Livros digitais, jornais e revistas podem ser obtidos no "Reader`s Hub" (central do leitor), e também aplicativos nativos para reprodução de música e vídeo, incluindo o YouTube, com capacidade de exibição full HD 1080p.
Em suma, é pouco provável que você não encontre – entre instalações de fábrica e Android Market – o programa que você precisa.
Vale lembrar que alguns aplicativos disponíveis no Market não estão adaptados completamente às 7 polegadas do Galaxy Tab, deixando parte da tela sem imagem, porém isso tende a mudar à medida que novas atualizações dos softwares sejam lançadas.
Completinho
O Galaxy Tab vem com uma seleção apropriada de acessórios para tornar a utilização do aparelho ainda mais agradável. Os principais destaques são o fone Bluetooth, importante principalmente para quem pretende explorar a telefonia no dispositivo, e a capa protetora.
Como o equipamento é realmente muito maior do que um smartphone, aproveitar a capacidade de comunicação por voz exige a utilização ou do fone Bluetooth ou dos fones com fio igualmente inclusos na caixa. A opção de viva-voz é apropriada principalmente para as videochamadas.
Já a proteção plástica da Samsung imita couro e, felizmente, não é na aparência que está o seu valor. Rígida e bastante resistente, a capa apresenta um encaixe fácil e seguro, além de bordas emborrachadas que permitem a colocação do tablet em posições confortáveis para assistir a vídeos, ler um livro ou navegar na internet.
Televisão portátil
O sintonizador de TV do Galaxy Tab é uma das grandes vantagens do aparelho vendido no Brasil sobre os tablets Samsung disponíveis no exterior. O aplicativo permite conferir programas de canais abertos – digitais ou analógicos – em qualquer lugar e exige, no máximo, que a antena seja colocada à mostra.
Em posições com sinal mais forte, como em áreas mais altas, por exemplo, é perfeitamente possível utilizar a TV do Galaxy Tab sem remover a antena do seu compartimento. Além disso, o software permite gravar programas em exibição para o cartão de memória, para assistir ao episódio de um seriado ou outro programa favorito a qualquer momento.
Muito espaçoso
Apesar do tamanho compacto, o espaço de armazenamento do Galaxy Tab é exemplar. Mesmo contando com "apenas" 16 GB de armazenagem interna, a possibilidade de troca instantânea do cartão de memória microSD de até 32 GB garante espaço de sobra para mídias variadas e arquivos de todo tipo.
Câmeras
A câmera frontal do Galaxy Tab apresenta apenas 1.3 megapixels de resolução, porém quando comparada com outros dispositivos que normalmente conseguem no máximo resolução VGA (equivalente a 0.31 megapixels), percebe-se que a qualidade de imagem durante as videochamadas com o tablet da Samsung não são fracas.
Já a câmera principal decepciona um pouco em termos de qualidade de imagem com apenas 3.15 megapixels. O ponto positivo da câmera, entretanto, é o software.
Além de permitir uma quantidade significativa de configurações e de um modo automático surpreendentemente confiável, o Galaxy Tab é capaz de gerar imagens panorâmicas diretamente no aplicativo de captura, bastando para isso um pouco de firmeza nas mãos e seguir o quadro verde que guia as tomadas das imagens que comporão o panorama.
Reprovado Do que esperávamos mais
O que é isso companheiro?
Foi comentado no começo desta análise que o Galaxy Tab sempre sofrerá comparações com o iPad. Além de disputarem o mesmo mercado, os dois aparelhos são levemente parecidos também em interface, graças ao TouchWiz 3.0 da Samsung.
A personalização criada pela empresa coreana aproxima vários elementos do Froyo do visual do iOS o que, para o Baixaki, tira um pouco do encanto de um aparelho que pretende bater de frente com o rival.
O exemplo mais básico a esse respeito é o menu de aplicativos. Enquanto no Android sem alterações o menu é composto por uma única tela de rolagem contínua e vertical, sob o TouchWiz o menu é dividido em várias páginas, de maneira muito semelhante a utilizada nos portáteis da Apple.
Só isso já não seria legal, mas a situação piora ao perceber que os ícones dos aplicativos recebem, de forma arbitrária, um fundo colorido.
Felizmente existem várias opções – pagas ou não – de programas para a personalização das telas principais no Android Market, e a maioria deles altera a visualização do menu de aplicativos para a aparência padrão do Android.
Entrada de texto
A escrita no Galaxy Tab é feita ou pelo teclado ou pelo Swype, método de entrada de dados em que basta arrastar o dedo entre as diversas letras e o software se encarrega de digitá-las. Apesar de prático, o Swype depende de utilização contínua e uma boa dose de paciência por parte do usuário até realmente conseguir transcrever corretamente os gestos realizados.
Além disso, para os usuários de Android que adquirirem o tablet, a disposição de símbolos e numerais no Swype é diferente do teclado padrão do Android, o que pode causar confusão na hora de escrever.
Ao mesmo tempo, o teclado básico – não gestual – do Galaxy Tab é extremamente confortável, desde que o aparelho esteja em posição de retrato. Graças à dimensão relativamente pequena do aparelho, é perfeitamente possível digitar usando apenas os dedões, ou uma mão, desta maneira.
Já com o aparelho em posição paisagem, com o lado mais longo na horizontal, a digitação é menos fácil devido à distância considerável entre as teclas. Nesse modo o Swype até é um substituto razoável, porém é de se esperar que alguma solução mais elegante e eficiente seja encontrada em breve para a entrada de texto no Galaxy Tab.
Para que o Flash?
Certo, todos sabem que o suporte para Flash no navegador do Froyo é um dos grandes destaques do Android, e no Galaxy Tab isso não é diferente. Um detalhe: o plugin para Flash funciona no navegador do tablet, porém o conteúdo não é apropriado para a interação a partir dos dedos.
O próprio Steve Jobs, enquanto brigava com a Adobe sobre o Flash no iPhone, comentou a esse respeito e, depois de testar o plugin é necessário concordar com o chefão da Apple.
Além disso, em alguns casos as animações do Flash no Galaxy Tab sofrem de "frame skip", quando alguns quadros da sequência são ignorados na renderização e acabam gerando movimentos "quebrados". Tomara que a nova versão do plugin Flash para Android corrija esse problema.
Já acabou?
A bateria do Galaxy Tab é, infelizmente, inferior à do iPad. A tela menor deveria consumir menos energia que a do concorrente, mas é possível que o espaço destinado às células não seja suficiente para armazenar a mesma quantidade de eletricidade.
Dessa forma é necessário colocar o Galaxy Tab na tomada diariamente e, em casos de uso intenso, mais de uma vez a cada 24 horas. Isso não significa que seja impossível realizar qualquer tarefa até o fim sem uma tomada por perto, mas jornadas mais longas – seis, sete horas dependendo da utilização – tendem a oferecer algum risco de acabar sem força no aparelho.
Como o iPad
Outro detalhe que desagrada no tablet da Samsung é a opção por utilizar um conector praticamente igual ao do iPad – porém com pinos invertidos para que não se utilize o cabo da Apple no aparelho coreano.
Em vez de uma porta USB como a presente nos celulares da marca, a fabricante preferiu criar um padrão próprio para a conexão física entre um computador comum e o dispositivo portátil.
A princípio isso não é um problema, já que o cabo proprietário vem incluso na caixa, porém pode ser complicado – ou caro – conseguir um novo caso algo aconteça com o cabo original.
Vale a pena? O que nós achamos
Se o Galaxy Tab é melhor que o iPad ou não é assunto para um outro artigo. Não tema pois esta comparação será publicada em breve aqui no Baixaki. Porém o assunto agora é o tablet da Samsung apenas por si, e assim a resposta é uma só: com certeza.
Potente, ágil e bastante prático, o aparelho oferece opções para quem quer apenas se divertir, seja com jogos ou com produtos de mídia como filmes, séries e novelas.
Já o usuário que pretende carregar o tablet também com fins profissionais não se arrependerá ao descobrir que o dispositivo consegue trabalhar com documentos de texto, planilhas eletrônicas, PDFs e uma vasta gama de outros arquivos comuns no ambiente empresarial.
Como outros dispositivos Android, a conexão com a internet – e a integração com os serviços do Google – é a natureza do Galaxy Tab, e o aparelho faz isso muito bem.
Fonte da imagem: Samsung/Divulgação
Por isso não se comentou muito a esse respeito na análise. Bem ou mal, um aparelho como esse estar offline é quase um desperdício, já que mapas, trajetos, email e redes sociais são facilmente acessados e atualizados através de redes Wi-Fi e 3G.
O único "porém" que pode motivar alguém a procurar uma alternativa ao Samsung Galaxy Tab é o preço, relativamente salgado, na casa dos dois mil reais sem contrato com operadoras. Com planos de dados ou de voz, entretanto, o custo do aparelho pode se tornar bem mais acessível e quem decidir por esta compra não deve se arrepender.
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