Na primeira metade de 2010, o Internet Explorer, na época em sua oitava versão, andava bem mal das pernas. O próprio Tecmundo listou alguns motivos para abandonar o navegador e pular para a concorrência, como o Google Chrome e o Mozilla Firefox. A cada novidade, esses competidores pareciam ainda mais superiores ao navegador de Bill Gates.
Um tempo depois, voltamos atrás e argumentamos o porquê de voltar a usar o Internet Explorer. O motivo foi o lançamento da nona versão do navegador, que apresentou mudanças radicais, com funções e melhorias que o fizeram retornar ao mercado de browsers como um forte concorrente, tudo isso sem perder a identidade da Microsoft.
O lançamento do Internet Explorer 9 trouxe novas motivações aos usuários. A segurança na navegação, a compatibilidade com os mais novos recursos da rede e o novo visual encheram os olhos dos fãs, que poderiam retornar ao aplicativo sem remorso.
A cada modelo que antecedeu o software finalizado, estava claro que o Internet Explorer finalmente voltaria a competir de igual para igual com os demais navegadores. Para tudo isso dar tão certo, entretanto, foi necessário um ano inteiro de desenvolvimento, fora a divulgação das várias versões de teste. Um trabalho exaustivo, mas que rendeu um bom produto final.
Momento oportuno
Em março de 2010, um ano depois do lançamento do Internet Explorer 8, começava o desenvolvimento e a divulgação do Internet Explorer 9. Na época, a Microsoft assistia a uma perda de mercado inédita na área de navegadores. Ela era a escolha de 51% dos usuários – ou seja, apenas pouco mais da metade dos usuários, uma queda inédita desde que ele desbancou o Netscape, na metade da década de 1990.
A falta de inovação estava comprometendo o navegador e aproximando seus concorrentes. Para frear sua própria queda e a ascensão dos demais, a Microsoft deveria inovar radicalmente. O Internet Explorer 9 vinha para apagar a má fama dos antecessores. E foi isso que aconteceu.
Adeus, Windows velho
A primeira novidade foi um choque: os donos de Windows XP não teriam acesso a nada do que seria feito a partir dali. A nona versão do navegador da empresa seria apenas compatível com o Vista e o 7, com ênfase neste último, que receberia algumas adições especiais, como a possibilidade de fixar páginas na Barra de tarefas.
Os motivos foram o foco nos sistemas operacionais posteriores ao XP e a dificuldade de fazer essa versão, já ultrapassada, suportar os novos formatos e características do IE9.
Outra novidade foi a divulgação das Plataform Previews, versões destinadas aos desenvolvedores e que não serviam para a navegação em páginas da internet. Nelas, era apresentado um resumo do que os recursos técnicos presentes na nova versão eram capazes através de demos e testes.
Novas integrações
As três primeiras plataformas para desenvolvedores, lançadas entre março e agosto de 2010, revelaram alguns dos melhores pontos do Internet Explorer 9. Entre os destaques, é possível citar a compatibilidade com HTML5 e CSS3, além da nova engine para JavaScript, o Chakra.
A integração com a tecnologia HTML5, em especial, foi bastante celebrada. A partir dela, é possível criar páginas com códigos mais simples e reproduzir mídias como áudio e vídeo sem a necessidade de plugins especiais, utilizando apenas recursos disponibilizados pelo próprio browser.
Já a linguagem CSS3, utilizada na produção de layouts, preza pela simplicidade, sem deixar de lado os aspectos mais importantes do design de um site. Gráficos vetoriais escaláveis (SVG, no original), que já rodavam no Firefox desde 2005, também ganharam suporte. Imagens com esse padrão não perdem qualidade, mesmo quando muito ampliadas.
O JavaScript também ganhou importância, pois recebeu uma engine totalmente nova, o Chakra. A partir dele, sites com elementos em Java carregam mais rapidamente, pois seus scripts funcionam em paralelo ao navegador, além de trabalhar em conjunto com a GPU.
Operação plástica
A Plataform Preview 5, lançada em setembro de 2010, mostrou o novo ícone do Internet Explorer. A aparência parecia a mesma, mas dava uma ideia do que vinha por aí: simplicidade. Sai o efeito espelhado e entra um azul mais simples e opaco, com a cor levemente escurecida nas bordas.
(Fonte da imagem: Divulgação / Microsoft)
No mesmo dia, o público teve acesso à versão Beta, a primeira destinada aos usuários. Ao utilizá-la, foi possível conferir a nova interface, bastante modificada e agradável. Tudo ali havia ficado mais enxuto, quase minimalista, principalmente no topo do navegador.
Sobrava mais espaço para a página – e avisos pequenos, como os de memorização de senha, ficavam em pequenas linhas na parte inferior da tela. Além disso, era possível adicionar páginas à Barra de tarefas do Windows 7, aumentando ainda mais a compatibilidade com o sistema operacional.
Até o gerenciador de downloads foi dinamizado: agora você podia conferir novas informações sobre os arquivos baixados, como taxa média de transferência e localização dos arquivos no computador. Vale lembrar que esses recursos já apareciam em outros navegadores, mas foram muito bem recebidos no Internet Explorer.
As provas finais
O final de 2010 e o início de 2011 marcaram o desenvolvimento técnico final do Internet Explorer 9. Para o Plataform Preview 6, em outubro de 2010, a Microsoft criou joguinhos simples, porém bem elaborados para o navegador, servindo como teste para demonstrar a aceleração de hardware.
Como resultado, estava comprovado que a velocidade e o desempenho do IE9 eram similares aos concorrentes. Além disso, os aspectos internos do navegador também recebiam melhorias. O Chakra, o HTML5 e o CCS3 estavam sendo integrados para não apresentar problemas.
Estamos de olho
Outro aspecto bastante comentado nas análises do navegador começou a ser implementado na oitava e última Plataform Preview. A segurança do usuário ainda não era totalmente garantida, mas ganhava um importante aliado: a proteção contra o rastreamento de sites.
Quando você navega em páginas da internet, nem todo o conteúdo exibido pertence ao site em si. Alguns boxes, como os de publicidade, são de outras localidades na rede, que podem não ser tão inocentes. Algumas filtram informações do usuário, como sua localização.
O Internet Explorer 9 não acaba com isso, mas dá a opção para o usuário filtrar essas informações, através do Tracking Protection, uma evolução do InPrivate Filtering do IE8. Com ele, você é capaz de criar ou importar uma lista de páginas que têm seu conteúdo bloqueado automaticamente, impedindo que outros servidores tenham acesso a sua localização.
Abram-se as cortinas
Com tudo sendo feito com calma, parecia que o Internet Explorer 9 realmente iria dar certo. Em 10 de fevereiro de 2011, mesmo dia da exibição do Plataform Preview 8, saia também a segunda e última versão de testes aberta ao público: a Release Candidate (RC).
Bem mais estável que a Beta, a RC também apresentou novidades no visual: a barra de endereços, por exemplo, agora estava acima das abas, que ficaram menores. Os aspectos internos também melhoraram, sendo possível sentir a aceleração de hardware na prática. A proteção contra rastreamento também estava lá e foi considerada uma das grandes inovações do navegador.
O ponto final
O dia era 14 de março de 2011. O local escolhido foi a cidade de Austin, no Texas. Lá acontecia o SXSW, um evento que não tem seu foco principal em informática. Mesmo assim, depois de tanto tempo, era chegada a hora de mostrar a versão final do Internet Explorer 9, em um lançamento sincronizado com a liberação para download em todo o mundo.
O programa final apresentava um desempenho muito melhor do que as versões de teste. As funções funcionavam corretamente e todos os recursos técnicos e gráficos rodavam ao máximo, enquanto a navegação mostrou-se simples e leve.
Estava claro: o Internet Explorer estava de volta ao mercado com tudo, pronto para ser comparado igualmente às mais recentes versões do Chrome e do Firefox, os outros componentes do pódio dos browsers.
Ainda não é o suficiente
E qual o futuro do Internet Explorer? No geral, podemos esperar algo positivo, já que a versão mais recente conquistou boas críticas e até fez com que alguns usuários retornassem ao navegador da Microsoft.
Mas se engana quem pensa que a empresa se satisfaria com tão pouco: em 12 de abril de 2011, pouco mais de um mês depois da versão final do IE9, chegava ao Baixaki o Plataform Preview 1 do Internet Explorer 10, com os já conhecidos testes de aceleração gráfica e uso de componentes como o HTML5, que tendem a melhorar cada vez mais.
(Fonte da imagem: Divulgação / Microsoft)
Além disso, o recém-chegado Mango, novo sistema operacional do Windows Phone 7, traz uma versão portátil do navegador, o Internet Explorer 9 Mobile, que pretende trazer todas as qualidades do programa também para os smartphones.
O Internet Explorer 9 está longe de ser perfeito, mas é impossível não notar suas qualidades. Sua evolução marca a retomada de um dos navegadores mais tradicionais da internet, mas ela não pode (e nem deve) parar por aí.
Já pudemos conferir a versão Alpha 1 do Firefox 7, e o Google Chrome 12 foi recentemente atualizado para ter ainda mais estabilidade. A guerra entre os navegadores está longe de terminar. Para os usuários, entretanto, o que importa é que todos os exércitos tenham armas fortes o bastante.
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